Cânon é a palavra ligada a ''cana''. Os antigos usavam uma ''cana'' em lugar do nosso metro. Era um instrumento de medida. Quando se fala de cânon da Bíblia se quer falar de critério usados para aceitar como inspirados os livros da Bíblia. Tanto no tempo do Antigo Testamento quanto no tempo do Novo, havia muitos livros ''candidatos'' a ser considerados como inspirados por Deus. Qual foi o critério, ''a medida'', o cânon para aceitá-los como Palavra de Deus?
O processo de ''canonização'' dos livros que hoje compõem o Antigo Testamento foi longo e difícil. Os hebreus de Jerusalém aceitavam somente os textos escritos em hebraico. Os judeus de Alexandria, no Egito, que formavam uma grande comunidade judaica, aceitavam também sete livros escritos em grego ( Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, Tobias, Judite e os dois livros dos Macabeus). No tempo de Jesus, o cânon mais longo já tinha sido aceito e fazia parte da famosa Bíblia grega chamada de Septuaginta, ou Setenta (LXX), frequentemente citada no Novo Testamento. Por essa razão a Igreja a tornou própria, aceitando também os sete livros chamados de ''deuterocanônicos'' (isto é, do segundo cânon), que não se encontram nas Bíblias protestantes.
O cânon do Novo Testamento teve menos problemas para ser aceito. Não havia dúvidas quanto aos evangelhos, a não ser em relação a alguns trechos, como episódio da adúltera (João 8,1-11) e as conclusões de Marcos (16,9-20) e de João (capítulo 21). As dúvidas maiores diziam respeito a outros livros do Novo Testamento (Hebreus, a carta de Tiago, a segundo carta de Pedro, a carta de Judas, a segunda e a terceira carta de João, bem como o Apocalipse). O atual cânon do Novo Testamento se consolidou depois do ano 400 da nossa era.
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