segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Magistério e o Papa: quem são eles e o que fazem:



I. O que é a Verdade? Pergunta feita por Pilatos em João 18,38.
A. A Verdade é uma. Só pode haver uma verdade.
B. 'Verdade' é o oposto de 'erro'.
C. A definição de 'Verdade' é: "o que está de acordo com o fato". É quando a consciência concorda com o intelecto.
D. Jesus Cristo é DEUS e DEUS é a Verdade (João 14,6). DEUS não pode mentir pois é incompatível com Ele, já que Ele É a verdade. Quando Jesus Cristo disse algo, sabemos que é verdade porque ELE disse.
1. DEUS tem nos falado de duas maneiras:
a. Quando Jesus falou com Seus Apóstolos, falou oralmente. Ele não escreveu para eles ou lhes deu um livro para ler. Os Apóstolos falaram as palavras de Jesus Cristo para outros e seus sucessores: os Bispos. Isto é chamado 'Tradição', com 'T' maiúsculo. (...)
b. Ele falou para nós através de Sua palavra escrita: a Sagrada Escritura. Os livros do Novo Testamento não tinham nem sido escritos até começarem a sê-lo por cerca de 48 d.C e terminando em cerca de 100 d.C, muitos anos depois de Jesus Cristo ter sido crucificado (o que se deu em cerca de 33 d.C.). Ficou a cargo dos escritores do Novo Testamento registrar acuradamente, muitos anos depois, sob a inspiração do Espírito Santo, o ensinamento de Jesus Cristo, e basear a maior parte de seus escritos na "Tradição".
Em João 20,30 e 21,25, o Apóstolo diz: "E JESUS FEZ AINDA MUITAS OUTRAS COISAS. Se fossem escritas uma por uma, PENSO QUE NEM O MUNDO INTEIRO PODERIA CONTER OS LIVROS QUE SE DEVERIAM ESCREVER". Isto diz, em termos bem simples, que há dois campos da Palavra Sagrada de DEUS: a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição.
2. A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura, juntas, são conhecidas como "o Depósito da Fé".
II. A Verdade tem que ser preservada...
A. É tarefa de alguém perservar o "Depósito da Fé".
B. Há a necessidade de se preservar a verdade. Em cada nível da sociedade temos líderes e seguidores, alguma forma de governo.
C. A História mostra que nenhuma civilização, país, cidade ou organização durou muito tempo sem haver um governo efetivo para as pessoas seguirem, confiarem e no qual acreditarem. É necessário alguma organização para interpretar, executar e seguir as leis:
1. Os Romanos tinham César e o Senado.
2. Os Estados Unidos têm o Presidente, o Congresso e a Suprema Corte.
3. Os Estado têm o Governador e a Câmara Legislativa.
4. Uma corporação tem um Executivo-Chefe e uma Diretoria.
5. A Igreja Católica tem o Papa, os Bispos e o Magistério.

D. Estes governos fazem regras para todos seguirem. Eles também têm a responsabilidade de protegê-las e executá-las, de maneira ordenada e a seu tempo. Sem ordem há caos.
1. O que aconteceria no país se cada pessoa fizesse o que ELA achasse que era certo e ignorasse os direitos dos outros, e cada uma tivesse a SUA própria lista de regras a seguir, ou nenhuma regra? A civilização, do jeito que a conhecemos, iria se desmoronar:
a. Você percebe que há seitas Cristãs que operam desta maneira? É dito a cada pessoa que deve interpretar a Bíblia, a Palavra de DEUS, por si mesma. O que quer que pareça certo para ela é tudo o que importa. É essencialmente cada um por si. Está política leva ao caos, brigas internas e desunião. Lembre-se do que Jesus Cristo disse: "Toda casa dividida contra si mesmo não pode subsistir." (Mt 12,25).
b. A Bíblia não é um romance. É a Palavra de DEUS. Se você a ler como leria um romance, não tirará muito proveito dela exceto por uma massa confusa. Se você der a um milhão de pessoas uma Bíblia para cada uma e pedir a cada uma para interpretá-la, você obterá um milhão de interpretações diferentes. Em quem você acreditaria? Quem tem a verdade? Conforme já vimos, a "Verdade é Uma". A interpretação de qual pessoa seria a ÚNICA verdadeira?
c. Você iria querer acreditar na interpretação de um homem, cujas credenciais podem ser questionáveis, ou na interpretação coletiva de um grupo de homens com credenciais impecáveis MAIS o Espírito Santo?
2. A Igreja Católica tem o Papa e o Magistério para interpretar, preservar e proteger o "Depósito da Fé" para todos nós:
a. O Magistério consiste do Papa e dos Cardeais e Bispos agindo sob a orientação do Espírito Santo.
b. Eles se reúnem em Concílios e, com a orientação do Espírito Santo, tomam decisões a respeito de matérias importantes a respeito da fé.
3. Por falta de direção, cai um povo; onde há muitos conselheiros, ali haverá salvação (Pr 11,14; 24,6).
4. Os projetos triunfam pelos conselhos (Pr 20,18).
5. A única maneira de conhecermos UMA verdade é aceitar UMA autoridade.

III. Como posso ter certeza de que a verdade está sendo preservada?
A. De todos os escritos desde o início dos tempos, em qual livro podemos confiar como sendo o "Depósito da Fé"?
1. Eu confio na Sagrada Escritura de DEUS. Se você diz isso, deve ser verdade porque o Próprio DEUS disse isso.
2. Se os fatos mencionados acima em II-D-2-a e b, podem ser encontrados na Bíblia, eles têm que ser verdadeiros. Vamos dar uma olhada em alguns versículos...
3. O Magistério...
a. Tem Bispos colocados pelo Espírito Santo para governar a Igreja: "Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de DEUS" (At 20,28).
b. Tem um líder que possui autoridade e supremacia sobre todo o resto: Quando DEUS dava autoridade, Ele mudava o nome da pessoa que a recebia. Abrão foi chamado Abraão em Gn 17,15, quando DEUS o fêz "Pai de uma Multidão de Nações". Sarai foi chamada Sara em Gn 17,15-16 quando DEUS a fez "A Mãe de Nações". Jacó foi chamado de Israel em Gn 32,29, quando DEUS o fez "Pai da nação de Israel". Em Mt 16,18, DEUS trocou o nome de Simão para PEDRO, e lhe disse TU és "PEDRA" e sobre esta "PEDRA" construirei MINHA IGREJA. Mt 16,19, Eu TE darei as CHAVES do REINO dos CÉUS, e tudo o que TU LIGARES na terra será ligado no Céu, e tudo o que TU DESLIGARES na terra será desligado nos céus. Pedro foi o primeiro líder da Igreja e lhe foi dada supremacia e autoridade sobre todos os outros Apóstolos. Lc 22,31-32: "Satanás vos reclamou para VOS PENEIRAR como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, CONFIRMA os teus irmãos. Jo 21,17: Simão, tu Me amas? APASCENTA OS MEUS CORDEIROS". At 1,15: "PEDRO levantou-se no meio dos seus irmãos. At 2,14: PEDRO, pondo-se em pé em companhia dos onze, com voz forte lhes DISSE: "Homens da Judéia, e vós TODOS que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às MINHAS PALAVRAS". At 15,7: "DEUS ME ESCOLHEU DENTRE VÓS, PARA QUE DA MINHA BOCA OS PAGÃOS OUVISSEM A PALAVRA DO EVANGELHO E CRESSEM". 1Cor 15,5: "E Ele apareceu a CEFAS (primeiro) e EM SEGUIDA aos onze".
c. Reúne-se e discute assuntos: "Reuniram-se os Apóstolos e os anciãos (Bispos conselheiros) para tratar desta questão" (At 15,6).
d. Consultam uns aos outros a respeito da revelação divina: "E subi em consequência de uma revelação. Expus-lhe o Evangelho que prego entre os pagãos" (Gl 2,2).
e. Vota entre eles: "deitaram a sorte entre si" (At 1,26).
f. Define um ensinamento: "Os pagãos têm que ser circuncidados? Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência" (At 15,1.24). Não, eles não têm que ser circuncidados.
g. É guiado e ensinado pelo Espírito Santo: "Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que DEUS deu a todos aqueles que Lhe obedecem" (At 5,32). "Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável..." (At 15,28). "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir e anunciar-vos-á AS COISAS QUE VIRÃO. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e VO-LO ANUNCIARÁ. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e VO-LO ANUNCIARÁ" (Jo 16,12-15).
h. É a coluna da verdade: "a casa de DEUS, que é a Igreja de DEUS vivo, coluna e sustentáculo da verdade" (1Tm 3,15).
i. É a autoridade docente da Igreja: "ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi" (Mt 28,20).
j. É auto propagador e tem a autoridade: "Não fostes vós que me escolhestes, mas eu VOS escolhi e VOS constituí para que vades e produzais fruto, e o VOSSO fruto PERMANEÇA; Eu assim VOS constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em Meu nome, Ele vos conceda" (Jo 15,16). "Eu lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele..." (1Cor 3,10-11). "se recusa a ouví-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano... Tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no Céu..." (Mt 18,17-18).
k. Afirma que NÃO deve ser feita 'interpretação privada' da Escritura: "Antes de tudo, sabeis que NENHUMA profecia da Escritura é de interpretação PESSOAL" (*2Pd 1,20).
l. Tem que ser obedecido: "OBEDECEI aos seus SUPERIORES, pois ELES velam por vossas almas e delas devem dar conta" (Hb 13,17).
m. Não pode falhar: "e as portas do inferno NÃO prevalecerão contra ela. Mt 28,20: Eis que estou convosto TODOS os dias, até o fim do mundo" (Mt 16,18).
IV. Revelação, há dois tipos:

A. Pública: o ensinamento de Jesus Cristo, também chamado "Revelação Divina":
1. Não há novas revelações públicas, já que foram encerradas quando o último Apóstolo morreu
2. A única maneira possível de haver nova revelação pública (divina) é o Próprio DEUS vir e proclamá-la.
3. A revelação pública consiste na "Sagrada Escritura" e na "Sagrada Tradição": o "Depósito da Fé".
4. É missão do Papa e do Magistério interpretar, preservar e proteger o "Depósito da Fé" para todos nós.

B. Privada: mensagens recebidas por meio de visão ou locução interior por indivíduos:

1. Nós não devemos nem acreditar nelas nem condená-las, até que a Igreja decida se elas contém verdade ou erro.

2. Nós devemos testar e exercer discernimento sobre elas para ver se vêm de DEUS (1Ts 5,20-21, 1Jo 4,1-6).

V. Referências Bíblicas para este artigo:

*Gn 17,5.15-16; 32,29, Pr 1,5, Am 3,3, *Mt 16,18; 18,17-18; 28,18-20, Lc 22,24-33, Jo 14,6; 15,16; 16,13; 20,21, Jo 21,15-19, At 1,15.26; 2,14-41, At 5,29.32; 8,27-35, At 10,1-48, At 11,1-18.28;*15,1-28, 1Cr12,28-29; 14,28; 15,5, *Gl 2,2, 1Ts 1,5, 1Tm 3,15, Tt3,1, Hb 13,17, *2Pd 1,2
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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

QUANTO MAIS E MELHOR REZARMOS, MAIS NOS TORNAREMOS SEMELHANTES A ELE


As palavras de Bento XVI na Audiência Geral de quarta-feira


CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 05 de setembro de 2012(ZENIT.org)- Apresentamos as palavras do Papa Bento XVI  dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos hoje na Sala Paulo VI para a tradicional Audiência Geral.
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, após as férias, retomamos as audiências no Vaticano, continuando a "escola de oração" que estamos vivendo juntos nas catequeses de quarta-feira.
Hoje gostaria de falar sobre a oração no livro de Apocalipse que, como vocês sabem, é o último do Novo Testamento. É um livro difícil, mas que contém uma grande riqueza. Nos coloca em contato com a oração viva e palpitante da assembléia cristã, reunida "no dia do Senhor" (Apocalipse 1:10), que é, de fato, o pano de fundo no qual se desenvolve o texto.
Um leitor apresenta à assembléia a mensagem confiada pelo Senhor ao evangelista João. O leitor e a assembléia são, por assim dizer, os dois protagonistas no desenvolvimento do livro. Para eles, desde o início, é dirigida uma saudação festiva: "Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras da profecia" (1,3). Através do diálogo constante entre eles, brota uma sinfonia de oração, que se desenvolve em uma variedade de formas até a sua conclusão. Ouvindo o leitor que apresenta a mensagem, ouvindo e observando a assembléia que reage, a oração deles tende a se tornar nossa.
A primeira parte do Apocalipse (1,4-3,22) tem, na atitude da assembléia que reza, três fases sucessivas. A primeira (1,4-8) consiste em um diálogo - único caso no Novo Testamento - que ocorre entre a assembléia reunida e o leitor, que lhe dirige uma saudação de bênção: "Graça e paz "(1,4). O leitor destaca a origem dessa saudação: vem da Trindade, do Pai, do Espírito Santo, de Jesus Cristo, juntos envolvidos no levar adiante o projeto de criação e de salvação para a humanidade. A assembléia escuta, e quando escuta nomear Jesus Cristo, há como uma explosão de alegria e responde com entusiasmo, elevando a seguinte oração de louvor: "Àquele que nos ama e nos libertou de nossos pecados com o seu sangue, que fez de nós um reino, sacerdotes para Deus e Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém" (1,5b-6). A assembléia, envolvida pelo amor de Cristo, se sente libertada da escravidão do pecado e proclama o "Reino" de Jesus Cristo, que pertence totalmente a Ele. Reconhece a grande missão que através do batismo foi confiada a ela, de levar ao mundo a presença de Deus. E conclui essa celebração de louvor olhando de novo diretamente para Jesus e, com crescente entusiasmo, reconhece Nele "a glória e o poder" para salvar a humanidade. O "Amém" final conclui o hino de louvor a Cristo. Já estes primeiros quatro versos contêm uma riqueza de evidências para nós, diz que a nossa oração deve ser, acima de tudo, escutar a Deus que fala. Submersos com tantas palavras, estamos pouco acostumados a ouvir, sobretudo a colocar-nos com disposição interior e exterior em silêncio para estar atentos ao que Deus quer nos dizer. Esses versículos ensinam-nos que a nossa oração, muitas vezes somente de pedidos, deve ser antes de tudo, de louvor a Deus por seu amor, pelo dom de Jesus Cristo, que nos trouxe força, esperança e salvação.
Uma nova intervenção do leitor chama, então, a assembléia, cativada pelo amor de Cristo, ao compromisso de assimilar sua presença na própria vida. Ele diz: Eis que vem com as nuvens e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram, e todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele" (1,7a). Depois de subir ao céu em uma "nuvem", símbolo de transcendência (cf. Atos 1:9), Jesus Cristo retornará assim como ascendeu ao céu (cf. Atos 1,11b). Então, todos os povos o reconhecerão e, como exorta São João no quarto Evangelho, "olharão para Aquele que transpassaram" (19,37). Pensarão em seus pecados, causa de Sua crucifixão, e como aqueles que haviam testemunhado de forma direta no Calvário ", vão se lamentar" (cf. Lc. 23,48) pedindo perdão a Ele, para segui-Lo na vida e, assim, preparar a plena comunhão com Ele, após o seu retorno final. A assembléia reflete sobre a mensagem e diz: "Sim, Amém." (Ap 1,7 b). Exprime com o seu "sim" a plena aceitação do que foi comunicado e pede que isso possa se tornar uma realidade. É a oração da assembléia, que medita sobre o amor de Deus manifestado de modo supremo na Cruz e clama por viver com a coerência dos discípulos de Cristo.
E esta é a resposta de Deus: "Eu sou o Alfa e o Ômega, Aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso" (1,8). Deus se revela como o começo e o fim da história, aceita e leva a sério o pedido da assembléia. Ele foi, é e será presente e ativo com o seu amor nas relações humanas, tanto no presente, como no futuro e no passado, até chegar o fim dos tempos. Esta é a promessa de Deus. E aqui encontramos outro elemento importante: a oração constante desperta em nós um senso de presença do Senhor em nossas vidas e na história, uma presença que nos sustenta, nos guia e nos dá grande esperança, mesmo em meio à escuridão de certos acontecimentos humanos; além disso, cada oração, mesmo na solidão radical, nunca é um isolar-se e nunca é estéril, mas é a força vital para a alimentação de uma vida cristã cada vez mais comprometida e coerente.
A segunda fase da oração da assembléia (1,9 a22) aprofunda ainda mais o relacionamento com Jesus Cristo, o Senhor aparece, fala, age, e a comunidade smpre mais próxima a ele, ouve, reage e acolhe. Na mensagem apresentada pelo leitor, São João relata sua experiência pessoal de encontro com Cristo: se encontra na ilha de Patmos, por causa da "palavra de Deus e do testemunho de Jesus" (1,9) e é “o dia do Senhor "  (1,10a), o domingo, dia em que celebramos a Ressurreição. E São João está "tomado pelo Espírito" (1,10a). O Espírito Santo preenche e renova-o, ampliando sua capacidade de acolher Jesus, que o convida a escrever. A oração da assembléia que escuta, gradualmente assume uma atitude contemplativa motivada pelos verbos "ver", "olhar": contempla, tudo o que o leitor propõe, internalizando-o e tornando-o seu.
João ouve "uma voz forte como de trombeta" (1,10b), a voz o ordena a enviar uma mensagem "às sete igrejas" (1,11) que se encontram na Ásia Menor e, por meio disso, a todas as igrejas de todos os tempos, juntamente com seus pastores. O termo "voz... de trombeta", tirado do livro do Êxodo (cf. 20,18), recorda a manifestação divina a Moisés no Monte Sinai e indica a voz de Deus que fala do céu, da sua transcendência. Aqui é atribuída a Jesus Cristo, o Ressuscitado, que da glória do Pai fala com a voz de Deus à assembléia em oração. Virando-se "para ver a voz" (1,12), João vê "sete candelabros de ouro e em meio a eles, algo semelhante ao Filho do homem" (1,12-13), termo particularmente familiar para João , que indica o próprio Jesus. Os castiçais de ouro com velas acesas, indicam a Igreja de todos os tempos em oração na Liturgia: Jesus ressuscitado, o "Filho do Homem" se encontra em meio a tudo isso, revestido com as vestes do sumo sacerdote do Antigo Testamento, atua como mediador junto ao Pai.
Na mensagem simbólica de João, segue uma manifestação visível de Cristo Ressuscitado, com as características próprias de Deus, citadas no Antigo Testamento. Ele fala de "cabelos brancos como a lã ..., branco como a neve" (1,14), símbolo da eternidade de Deus (cf. Dn. 7,9) e da Ressurreição. Um segundo símbolo é o fogo, que no Antigo Testamento muitas vezes refere-se a Deus para indicar duas propriedades.A primeira é a intensidade de seu amor ciumento, que anima a sua aliança com o homem (cf. Deuteronômio 04:24). E é essa intensidade ardente de amor, que lê-se nos olhos de Jesus Ressuscitado: "Seus olhos eram como chama de fogo" (Apocalipse1,14 a). A segunda é a capacidade irrestringível de vencer o mal como um "fogo devorador" (Dt 9:3). Assim também os "pés" de Jesus, no caminho de enfrentar e destruir o mal, tem o brilho do "bronze brilhante" (Ap 1,15). A voz de Jesus Cristo, então, "como a voz de muitas águas" (1,15 c), tem o ruído impressionante "da glória do Deus de Israel", que segue rumo a Jerusalém, mencionado pelo profeta Ezequiel (cf. 43, 2). Seguem ainda três outros elementos simbólicos que mostram o que Jesus Ressuscitado está fazendo por sua Igreja: a mantém firme em sua mão direita, uma imagem muito importante: Jesus tem a Igreja em sua mão - fala a ela com o poder penetrante de um espada afiada, e revela o esplendor de sua divindade: " Seu rosto era como o sol que brilha em todo o seu esplendor" (Rev. 1, 16). João fica tão impressionado com esta maravilhosa experiência do Ressuscitado, que se sente fraco e cai como morto.
Depois desta experiência da revelação, o Apóstolo diante do Senhor Jesus que fala com ele, tranquiliza-o, coloca a mão em sua cabeça, revela sua identidade de Crucificado e Ressuscitado, e confia a missão de transmitir a sua mensagem à Igreja (Apocalipse . 1,17-18). Algo belo é esse Deus diante daquele que perde as forças e cai como morto. É o amigo da vida, que coloca Sua mão em nossa cabeça. Assim será também para nós: somos amigos de Jesus. Depois da revelação de Deus Ressuscitado, Cristo Ressuscitado, não haverá temor, mas será o encontro com o amigo. A Assembléia também vive com João o momento especial de luz diante do Senhor, unidos.No entanto, é a experiência do encontro diário com Jesus, experimentando a riqueza do contato com o Senhor, que preenche todo o espaço da existência.
Na terceira e última fase da primeira parte do Apocalipse (AP 2-3), o leitor propõe à assembléia uma mensagemem que Jesusfala na primeira pessoa. Dirigida às sete igrejas da Ásia Menor localizadas ao redor de Éfeso, o discurso de Jesus parte da situação particular de cada igreja, e então se espalha para as igrejas de todos os tempos. Jesus entra na realidade particular de cada igreja, enfatizando luz e sombra, fazendo um apelo urgente: Convertei-vos" (2,5.16; 3,19c). "Guardai o que tens" (3,11), "praticai as primeiras obras" (2,5); "Sejais zelosos, portanto, e vos convertei" (3,19b)... Esta palavra de Jesus, se ouvida com fé, imediatamente passa a ser eficaz: a Igreja em oração, acolhendo a Palavra de Deus se transforma.  Todas as igrejas devem se colocar em uma escuta atenta do Senhor, abrindo-se ao Espírito, como Jesus pede insistentemente, que repetiu este pedido sete vezes: "Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (2,7.11.17.29; 3,6.13.22). A assembléia ouve a mensagem recebendo um estímulo para o arrependimento, a conversão, a perseverança no amor, a orientação para o caminho.
 Caros amigos, o Apocalipse apresenta uma comunidade reunida em oração, porque a oração é precisamente onde nós experimentamos a presença crescente de Jesus conosco eem nós. Quanto mais e melhor rezarmos com constância e intensidade, mais nos tornaremos semelhantes a Ele, e Ele realmente entrará em nossa vida e guiará, dando-nos alegria e paz. E quanto mais conhecermos, amarmos e seguirmos a Jesus, mais sentiremos a necessidade de parar em oração com Ele, recebendo esperança, serenidade e força em nossas vidas. Obrigado pela atenção.
 Bento XVI dirigiu a seguinte saudação em português:
 Amados fiéis brasileiros de Nossa Senhora das Dores e de São Bento e São Paulo, a graça e a paz de Jesus Cristo para todos vós e demais peregrinos de língua portuguesa. Quanto mais e melhor souberdes rezar, tanto mais sereis parecidos com o Senhor e Ele entrará verdadeiramente na vossa vida. É na oração que melhor podereis dar conta desta presença de Jesus em vós, recebendo serenidade, esperança e força na vossa vida. Tudo isto vos desejo, com a minha Bênção.
(Tradução:MEM)